sábado, 8 de agosto de 2009

Noite de natal



Foi preciso a multidão romper no pranto
Após o trucidamento.
Foi preciso a dor
Concebida no silêncio.
Foi preciso o animal,o verde,a estrela
E mais que o infinito:

O chão da manjedoura.

Poderias ter vindo
Como rei
Preferiste o ar de um mendigo:
Sem telhado
nem sonho.

Chegaste com a luz
E como raio
Tocaste as solidões.
Ao entardecer
Apenas o sangue impresso,
Atravessa desesperado: a ausência do homem.

Porque dormiste entre jumentos,
Ninguém sabe.
Apenas o traço firme
(do rosto contorcido)
Ficou no linho como resposta.

Mas is que renasces
Sempre e sempre
Desafiando mistérios e limitações:
És criança !
Bem –vindo !
E, desta vez,eu quero infinitas portas abertas,
O meu chão iluminado,um verso alegre e mil canções !
-e de repente,descubro que nada tenho , apenas um peito remendado e cheio de esperança:
Lambra-te de mim !



Antonieta coelho Natal de 1982

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