Amoraço
Que permaneças assim
Entre o mistério
E o cansaço,
Pois essa é a hora despida
Das estações.
Que o barulho da água
Não venha perturbar o repouso da fala:
Esmaecida canção
Entre arcadas dentárias:
Desamparados beijos !
Enquanto caminho atarefada
Á procura dos esqueletos e orquídeas,
Espera-me em silêncio:
Andaste muitas folhas
Até a plenitude do meu fruto.
Após a luta,recomponho os minutos do rosto
Tropeçando entre perfumes ,vírgulas e rímel
-e o coração fica esquecido por sobre rios e travesseiros.
Não quero ficar triste
Pois tenho lírios e peixes
Ramificados
Nas colunas do meu corpo.
Ao soltar meus rápidos cabelos á chuva
(lembro-me):
O fluxo do teu nervo
Semeou em descortinados lábios
O mais doce líquido
Já levado á terra.
Antonieta coelho
Recife,1981
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