sábado, 8 de agosto de 2009

Comunhão -09



Minha filha está doente/
Fantasmas vagueiam entre as paredes/
Indiferentes ao meu desespero.
De repente,descubro minha dupla solidão/
Somo seus gritos aos meus ossos decepados/
Arranco do peito o açúcar do mundo inteiro/
Choro/canto/invento brincadeiras/enquanto
Seguro entre o estômago seu rosto perfurado.
Ah,deus,a dor do parto é fantasia.
Ah esse soro pingando lentamente/em cada gota
Vou morrendo/ah,meu pedaço de carne feito gente/
Dor cotidiana:não tenho opções e vou retirando
Meus pedaços num enxerto desesperado/até que ela
Acorda e me beija/me cama/começa a brincar com
Meus órgãos destroçados.



Antonieta coelho
Recife,10-10-1983

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