sábado, 8 de agosto de 2009

Maternidade



É noite ainda
E os pássaros recolhem
O canto impaciente do recém-nascido.

Ao longo da moldura,
Casais de namorados
Fluem ao espaço
Beijos molhados,
Porque chove.

E os pingos da chuva,
Anunciam o sol de um novo dia,

Tenho as mãos vazias
E o peito cheio.
Mas esse silêncio,
Enlouquece meus olhos
Em estranhos corredores da inconsciência.

Sinto desejo
-de flor e campo-
E vontade de criar um verso alegre.

Mas a noite persiste
Indiferente á insônia:
Saem rosas dos meus lábios
E do meu peito,um mar
De sangue.

Ao chegar a luz,
Já não serei flor,nem campo
E terei perdido
A paz.


Antonieta coelho
Recife,1981

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